Uma
redação não pode ser um emaranhado de vocábulos pegos aleatoriamente.
Podemos comparar o texto a uma obra de arte que vai sendo esculpida,
lapidada, torneada até que surja perfeita, pronta para ser apreciada.
Para
melhor elaborarmos uma redação, planejamento, conhecimento das regras
gramaticais, análise, síntese, argumentação e poder de persuasão são
essenciais, principalmente se estivermos compondo uma dissertação.
O
tema a ser desenvolvido está eivado de informações guardadas na nossa mente:
leitura de livros, jornais e revistas, peças teatrais e filmes assistidos -
todo o material que colecionamos durante nossas vidas, nosso conhecimento de
mundo. É necessário, contudo, fazermos uma análise e uma síntese desse material
para selecionarmos apenas as ideias principais. Entretanto, essa seleção deve
ser criteriosa a fim de que não haja comprometimento do sentido que pretendemos
dar às palavras.
Adequar
o vocabulário significa procurar a palavra certa, aquela que vai ocupar um
lugar que só a ela cabe. Procurar sinônimos no dicionário pode ser válido para
aumentarmos nosso vocabulário, mas, nem sempre ajuda já que não existe sinônimo
perfeito: bonito, belo e lindo podem ser sinônimos, mas cada qual tem uma
aplicação particular nos vários contextos.
As
palavras podem assumir diferentes significados, podem mesmo ser empregadas
metaforicamente e quanto maior for nosso vocabulário, mais facilidade teremos
para encontrar os vocábulos que comporão nossa redação. Devemos, entretanto,
ter o máximo cuidado para que o vocabulário usado não cause ambiguidade e
comprometa a mensagem que se quer passar.
É
aconselhável, também, evitarmos o emprego da palavra em seu sentido geral.
Observe a palavra legal nas orações abaixo:
1ª
oração: O princípio do devido processo legal está positivado pelo art. 5º, LIV, da CF.
2ª
oração: Perguntado sobre seu dia, Cláudio respondeu que tinha sido legal.
Na
1ª oração, legal está empregado no sentido
restrito, específico, relacionado à palavra lei. Na 2ª oração, legal é empregado no sentido geral,
permitindo que o leitor atribua qualquer significado à palavra, afastando-a até
mesmo do valor que o autor pretendeu atribuir a ela.
Das
classes gramaticais, os adjetivos devem merecer atenção especial nos textos,
principalmente porque podem aparecer na oração com valor subjetivo. Exemplo:
Meu cunhado comprou um bom apartamento. O que seria um bom apartamento? Amplo? Confortável?
Bem localizado? Cada leitor decodificará à sua maneira e o texto adquirirá uma
infinidade de interpretações.
Outro
critério a ser considerado se refere ao leitor, ao público para o qual
escrevemos. Dependendo da profissão, do cargo que ocupa, da imagem social, do
nível intelectual, da idade, haverá variação vocabular já que o vocabulário é
reflexo da cultura e o que se pretende é atingir o maior público possível.
Portanto, o uso de gírias, de estrangeirismos, da linguagem informal nas
redações é permitido quando necessário à adequação do estilo, desde que essas
palavras venham escritas entre aspas, obedecidas as regras da norma culta.
Muito
cuidado, também, com os elementos de coesão. Eles têm por finalidade sequenciar
as orações, de modo a tornar fácil e clara a leitura. Uma conjunção mal
empregada, por exemplo, pode prejudicar a compreensão ou mesmo tornar o período
incoerente. Na língua Portuguesa, os conectores indicam as relações entre as
ideias expostas, canalizando a interpretação do leitor e chamando sua atenção
para exemplos, explicações, oposições, concessões, etc. No trecho: Está previsto na Lei que o menor entre dezesseis e dezoito anos
pode exercer trabalho rural, na lavoura, desde que não compreendido no período
entre 21h e 5h do dia seguinte. Portanto o menor poderá trabalhar à noite sem
contrariar os ditames legais.Observe que a conjunção portanto introduz uma oração conclusiva
que, no trecho, contrariou o exposto na primeira parte do período. Todos os
componentes textuais fazem parte de um encadeamento, estão conectados, logo,
não podemos negar que há coesão textual; falta, contudo, coerência já que não
há unidade lógica de sentido entre as orações do período.
Atenção
também devem merecer os homônimos e parônimos, vocábulos cujos sentidos podem
ser distorcidos caracterizando polissemia. É o caso de flagrante (evidente) e
fragrante (perfumado), mandado (ordem judicial) e mandato (procuração),
inflação (alta dos preços) e infração (violação), eminente (elevado) e iminente
(prestes a ocorrer), estrato (camada) e extrato (o que se extrai de), bucho
(estômago) e buxo (arbusto), tachar (atribuir defeito a) e taxar (fixar taxa)
entre outros.
Esses
são alguns recursos de que podemos lançar mão para que tenhamos a certeza de
que nosso texto será compreendido e apreciado por todos que o lerem. Somos
capazes de escrever bem e com facilidade. Essa habilidade pode ser adquirida
não só com o estudo, mas também com o hábito da leitura.
Fonte: Folha Dirigida, por Nanci da Costa
Batista
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