O CIEE perguntou a 11 mil jovens que
entraram ou estão prestes a entrar em uma faculdade: qual é o seu maior medo? O
topo do ranking foi ocupado pela hipótese de descoberta tardia de erro na
escolha de carreira, logo seguida pelo temor de uma eventual dificuldade
financeira que levasse ao abandono da escola. Aliás, a não conclusão do curso
vem em terceiro lugar, empatada com a impossibilidade de conciliar as
responsabilidades da escola com trabalho e lazer.
Partindo das respostas, não foi
surpresa que o estágio surja como o terceiro anseio dos estudantes nessa fase
da vida. A pesquisa também demonstra o amadurecimento dos jovens frente às
rigorosas exigências atuais do mundo do trabalho. Eles revelam discernimento
para dar o primeiro e segundo postos, respectivamente, à aquisição de um bom
nível de ensino e ao contato com professores capacitados e comunicativos,
relegando somente ao quarto lugar a obtenção do diploma. Eles estão certos:
hoje, mais vale uma boa bagagem cultural e vivência prática de uma profissão do
que um papel na moldura.
Apesar da postura correta dos jovens, a
ausência de uma política adequada para a educação brasileira faz desandar, há
décadas, uma receita que tinha tudo para dar certo. Os resultados da mais
recente prova do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São
Paulo (Saresp) mostram que 95,7% dos estudantes paulistas saem do ensino médio
com gravíssimas deficiências de conhecimentos de matemática e 78,8%, em língua
portuguesa. Vale a reflexão: qual trabalho, na economia globalizada, dispensa
raciocínio lógico para realizar operações aritméticas simples ou o domínio do
próprio idioma? E mais, se esse descalabro acontece na região mais rica do
País, é possível concluir que nos rincões mais isolados a situação talvez seja
bem mais preocupante.
Como presidente de uma das maiores organizações
filantrópicas do País dedicadas aos jovens, continuo otimista. Afinal, todo o
trabalho social ético e eficiente sempre objetiva a criação de um futuro mais
digno às pessoas. Cada oportunidade de estágio altera significativamente a vida
dos jovens e amplia as opções de estudantes, que, fora das salas de aula, podem
ficar à mercê das tentações das ruas. Mesmo levando em consideração os sete
milhões de estudantes beneficiados em 44 anos de atividade do CIEE, é
inquietante notar que no ensino, apesar do famoso slogan político e de alguns
avanços, a esperança ainda não conseguiu vencer o medo. E, se medidas urgentes
não forem tomadas, corremos o risco de perder de goleada a batalha pela
educação de qualidade.
Por Luiz Gonzaga Bertelli
Fonte: Folha Dirigida
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