Síndrome do Superconcurseiro

Os artigos que publicamos semana passada sobre desistir de estudar para concursos públicos causaram um grande furor entre os leitores do blog. Muitos enviaram comentários contando que preferem morrer à desistir, outros lamentando algumas desistências no passado, alguns argumentando que é difícil lidar com a questão. E também recebemos vários comentários de leitores desabafando situações, pedindo conselhos… e dentre eles, um nos chamou atenção de forma especial:

“Nestas duas semanas venho tendo uma briga psicológica entre desistir e continuar, pois estou muito confuso com a forma correta de estudar e etc. Tenho cerca de 4 horas livres para estudar, mas estou apanhando muito, pois paço cerca de 4 horas para entender 30 ou 40 páginas. Estou desesperado, sem conseguir dormir, sem apetite, tendo vários problemas emocionais. Peço a ajuda de vocês, pois não sei que fazer e não quero desistir. Por favor me ajudem.”

E porque esse desabafo misturado a um pedido de socorro concurseiro chamou nossa atenção de forma especial? Simples, porque se trata de um típico e inequívoco caso de “Síndrome do Superconcurseiro”.

Existe uma lenda urbana segundo a qual concurseiros são super-heróis com todos os atributos possíveis:

- Infalíveis;

- Incansáveis;

- Poderosíssimos;

- Inteligentíssimos;

- Certíssimos;

- Entre outros dois mil e trezentos e tantos atributos possíveis.

Os pais dos concurseiros esperam que eles sejam super-heróis, assim como seus parentes, amigos e eles mesmos. E o que esses super-heróis dos certames fazem:

- Estudam sempre da maneira mais correta e eficiente;

- Estudam até mesmo enquanto estão dormindo;

- Estudam faça sol ou chuva, com fome ou caindo de doentes, em dias de semana ou feriados…;

- Aprendem rapidamente tudo o que estudam;

- Irão gabaritar a prova do próximo concurso público que prestarem.

(In)Felizmente, caros concurseiros leitores do blog, não somos super-heróis … na verdade estamos muito, mas muito longe disso! Não temos nenhum super poder!

Todo concurseiro um dia acredita que é um super-herói e que por isso não somente pode como deve estudar muito o tempo todo. Livro de doutrina de Direito Constitucional com pouco mais de mil páginas… fichinha, dá para abrir na primeira página depois do almoço e terminar antes de ir dormir! Gente, isso NÃO EXISTE!

Já ouviram falar de um ditado popular muito sábio que diz:

“Menos é mais!”

 A simplicidade desconcertante desse dito popular guarda uma verdade mais poderosa que todos os super-heróis fictícios já criados na história da humanidade. Explicarei isso com um exemplo prático. Você já percebeu o quanto uma árvore cresce por dia? Não? Nem eu, como a maioria das pessoas. Isso acontece porque árvores crescem o tempo todo, fato, porém tão pouco de um dia para o outro que acabamos por não perceber.

Ela cresce, devagarinho, mas com força, e vai crescendo … quando vê já destruiu uma grossa calçada de concreto. Quem nunca viu essa cena nas ruas de nossas cidades? E quem vê uma árvore recém brotada nunca diria que ela poderia fazer aquilo com a dura calçada de concreto!

Concurseiros devem ser como árvores e abraçar a filosofia do “menos é mais”. Se cairmos não nos livrarmos da armadilha de acreditarmos que somos super-heróis dos concursos públicos, sofreremos como o concurseiro que enviou seu desabafo. Agora, formos como árvores, estudando por menos que seja, mas com qualidade e seriedade, vamos crescendo como concurseiros, até o dia em que quebraremos a calçada e passaremos em concursos públicos. Sim, é simples assim, não há segredos.

Entre estudar 50 páginas num dia de forma superficial e descompromissada ou 5 páginas com qualidade e seriedade, qual você acha que deve ser a escolha do concurseiro sério? Somente concurseiros que acreditam serem super-heróis escolhem a primeira opção.

RESUMO DA ÓPERA - Ponham de uma vez por todas uma coisa em sua cabeça … concurseiros não podem e não devem acreditar que são super-heróis, porque não são … e se tentarem ser, apenas irão se frustrar … no mínimo. Portanto, muito cuidado com isso!

Autor: Charles Dias

Fonte: Blog do Concurseiro Solitário